Eu venci o Covid - Por Naiara Barroso F. Izidorio



covid 19


Há dias eu venho ensaiando para escrever contando a minha experiência no ano de 2020: o ano em que tudo parou!

Comecei o ano como todos, cheia de planos. Ano das minhas bodas de prata (25 anos de casamento). Viagem dos sonhos marcada. Festa agendada...   Alegria e esperança, apesar das sucessivas más notícias pelo Brasil e pelo mundo. De repente, o meu mundo virou do avesso quando testei positivo para COVID 19. No final do mês de abril, comecei com sintomas que variavam muito... febre, prostração, vômito, diarreia, um dia de tosse. Isso durou 11 dias. A orientação era para buscar atendimento apenas quando houvesse dificuldade de respirar (um absurdo!) Fui ao médico, era uma sexta-feira e voltei. Até que retornei na segunda-feira, dia 04 de maio de 2020. Nesse dia, enquanto esperava atendimento comecei a sentir a tal dificuldade de respirar. Tendo sido atendida, com a saturação diminuindo e com o que a tomografia mostrava, dei entrada na internação do Hospital Geral do Rio de Janeiro, na Vila Militar. Tudo apontava para o COVID 19. Dois dias depois, já na internação, o resultado do exame confirmava o diagnóstico.

Eu não sabia, mas quando internei meus pulmões já estavam 90% comprometidos. Não sabendo da gravidade, achei que ficaria o tempo do antibiótico, mas sem que eu pudesse imaginar, começava uma jornada de vida e morte que se estendeu por 38 dias no CTI. Fiz uso de todos os medicamentos (até os controversos), na tentativa de reverter meu quadro.

Teve um dia que o ar me faltou: eu - não - con-si-go-res-pi-rar. Me- a-ju-da! Vamos lá Naiara! Respira, conta comigo. Vamos lá! Ah, esses profissionais da saúde! Foi uma correria, eu me lembro bem. Muito tenso! Eu naquela posição pronada (de barriga para baixo), minha boca ressecava e feria. Tomava água por uma seringa que deixavam ao alcance das minhas mãos e em todo tempo ligada ao oxigênio. Meu quadro se agravou muito! Fui intubada, sedada por muitos dias, algumas tentativas de extubação, adquiri uma infecção secundária. Princípio de sepse... Cheguei a saturar 34 e meus batimentos a 25...  O tempo de intubação não foi o suficiente para que eu apresentasse uma melhora. Foi necessário me submeter a traqueostomia, quando então comecei a melhorar. Eu era muito secretiva, desde os primeiros dias, ainda lúcida, eu colocava muito sangue pela boca e depois da sedação, intubada ainda, me lembro de continuar com muita secreção. Era preciso aspirar os pulmões, o que faziam os profissionais da fisioterapia com muito cuidado. Era ruim de suportar e era feito com muita atenção para não agredir ainda mais os pulmões. Quando comecei a reagir e sair da sedação, é comecei a entender todo o caminho que percorri, o vale da sombra da morte por onde andei. Via os profissionais vindo próximo aos aparelhos que me monitoravam e comemoravam aqueles números, índices que apresentavam melhoras crescentes e permanentes. Olhavam para mim e se emocionavam...  Até que começaram a contar sobre mim.

Um dos médicos me contou que no seu plantão de 24h, ele quase me perdeu por três vezes. Outro, me contou que não sabia como eu respirava... Só havia uma pequena faixa livre nos meus pulmões. 

O meu caso, foi um dos mais graves naquele período, apesar de não ter nenhuma comorbidade que pudesse   justificar o agravamento do quadro. Por decisão da equipe médica, fiquei no CTI até a hora de vir para casa. Não fui primeiro para o quarto/enfermaria, onde eu poderia recomeçar a andar, ir ao banheiro, tomar banho...  Permanecer no CTI é permanecer com todo protocolo. Ligada aos aparelhos, com acessos, fralda, banho de leito e no máximo sentar. E assim foi até o dia da alta hospitalar, que aconteceu no início da noite do dia 11 de junho de 2020. Que dia lindo!!! 

Fui recebida na minha rua, com uma grande manifestação de carinho preparada pelos meus vizinhos e minha igreja. Cheguei muito debilitada. Perdi 15 kilos, com início de escara nas costas e uma dermatite grande. A falta de paladar perdurou por muito tempo. Me alimentar era difícil, vomitava muito. Mas aos poucos fui recuperando. No meu caso, a maior sequela, foi a debilidade muscular.  Precisei de ajuda no banho por muitos dias em casa. Hoje, depois de 7 meses, faço pilates por indicação médica, fiz uso de medicamentos para ajudar na recuperação do paladar e na reposição de vitaminas para tratar também os cabelos que caiu muito. Já recuperei 10 kilos e tenho retomado aos poucos minhas atividades. 

Foi um tempo de experiência com Deus para mim e minha família e todos que estiveram conosco em oração.  Um dos momentos mais delicados que eu me lembro, recebi a visita de um profissional do RX, que fez muito além do exame que eu precisava naquele leito. Ele foi boca de Deus. Ele não me conhecia, não sabia da minha fé, mas me contou que havia anjos naquele lugar guardando minha vida. Me disse que havia um exército de pessoas orando por mim. Que eu não tivesse medo. Que eu estava passando pelo vale da sombra da morte, mas que eu não estava sozinha. Que eu não me preocupasse, pois Deus estava cuidando dos meus. As palavras, os textos bíblicos que narrava, faziam todo sentido para mim. Me tirou de um estado difícil de explicar... onde talvez o pouco de vida que eu ainda tinha estivesse se perdendo na solidão daquele quarto e no meu corpo tão fragilizado que começava a parar. Eu me lembro que eu não mexia mais... estava inerte. Aquela visita, aquele momento, é como se tivesse me trazido de volta. Eu fui levada a orar, a lembrar de canções e de passagens bíblicas (voltei a fazer o que fazia nos primeiros dias de internação). Me lembro de orar pedindo que Deus soprasse do seu fôlego de vida nas minhas narinas, que revelasse aos médicos aquilo que pudesse ser tratado em mim. Eu sabia que Ele, o Senhor que me fez, podia restabelecer o equilíbrio e saúde do meu corpo, do fio de cabelo a planta dos meus pés. Uma palavra bastaria para o meu quadro mudar. Lembrava de Lázaro, de Pedro sobre as ondas ao encontro de Jesus... Depois disso, piorei muito mais. A morte era o mais provável!   Depois que melhorei, estive com esse profissional por duas vezes, a emoção nos olhos dele me fazia chorar também. Outros profissionais também foram como anjos... dormindo mesmo ao meu lado como a fisioterapeuta, as queridas da enfermagem... Como Deus cuidou de mim naqueles dias!

Mas eu vi milagre. Eu sou um milagre!

Naiara.


💓 Meus amigos e irmãos! Relembrar as dores de nossas vidas é certamente muito difícil, ainda mais quando se passa pelo vale da sombra da morte! 

Quando perguntei à Naiara se ela poderia compartilhar conosco seu testemunho, ela de pronto aceitou. No entanto, eu imaginei que pudesse ser muito penoso para ela ter de lembrar e descrever tudo! Ela foi muito corajosa em dizer sim, e isso é admirável.

Agradeço de todo coração por ceder seu testemunho, minha amada irmã. Que sua recuperação siga cada vez melhor! O Senhor é contigo! Seu testemunho é de arrepiar, de chorar... me emocionei muito e senti a presença do Altíssimo e o Seu falar ao meu coração. Louvo ao Senhor por sua existência e por todos que cuidaram tão zelosamente de você. Te amo! Aleluias!

Zuleika Alves Fontes Estarneck 


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Comentários

Marcia Dos Anjos Nascimento Florêncio disse…
Naiara milagre de Deus. Ele ouviu o nosso clamor. Aleluia
Minha querida presidente das Mensageiras do Rei. Tempo bom aquele, de muito aprendizado da Palavra de Deus.
Deus te abençoe amiga querida.
Te amo 🥰
Márcia disse…
O Senhor faz infinitamente mais do que pensamos. Deus é maravilhoso! Que a boa mão do nosso Salvador continue cuidando da Naiara. Aleluias.
Tânia disse…
Sim! Naiara é um milagre!!! Deus é muito bom e ouviu nossas orações. De fato havia um exército que clamava 24h. E Deus foi muuuuito bom! Pois teve misericórdia e a trouxe de volta!

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