Cultura Brasileira
No texto "Da
sala de jantar à sala de visitas" apresenta a origem do samba carioca,
expõe algumas definições importantes sobre os diferentes tipos de samba, situa
o leitor no tempo através de depoimentos reveladores e apresenta duas correntes
de estudo sobre o tema em questão: a de Ramos e a de Vianna.
O histórico da origem do samba
remonta a segunda metade do século XIX, quando o fluxo migratório
Nordeste/Sudeste propiciou a formação da "comunidade baiana", composta de negros, no Centro do Rio de Janeiro. Este
grupo tinha por hábito se reunir regularmente para realizar noitadas musicais
nas casas das baianas, porém, Hilária Batista de Almeida (Tia Ciata) se destaca
entre todas, pois foi em sua residência que surgiu "Pelo telefone", a
primeira composição chamada de samba.
Existem diferentes tipos de samba,
tais como: Samba, Função, Pagode, Choro,
Batucada, Samba-de-Partido-Alto, Samba-Chulado, Samba Corrido,
Samba-de-Umbigada, Miudinho, Samba-de-Roda, Samba Liso ou Duro e Baile.
Entre os termos citados pelo autor, destaca-se aqui a definição de samba, que
segundo Oneyda Alvarenga, trata-se de
qualquer baile popular no sentido de festa, onde dança, comida, bebida, música
e convivência não podem se separar. Para demonstrar diferença entre os tipos de
samba relacionados acima, apresenta-se, por exemplo o de Partido-Alto que,
segundo Lopes, é uma "espécie de samba cantado em forma de desafio por
dois ou mais contendores e que se compõe
de uma parte coral ... e uma parte solada com versos improvisados ou do
repertório tradicional, os quais podem ou não se referir ao assunto do
refrão". (p.106).
Testemunhos
contam que a festa era dividida em três, ou seja, o baile acontecia na sala de
visitas, o samba na sala dos fundos e a batucada no terreiro, referendando
assim uma oposição entre Baile e Samba, onde, diferenças culturais eram
delimitadas a partir da maneira que se dançava e da questão espacial, de modo que,
quando se deslocava de um aposento a outro, se deslocava também de uma
expressão cultural a outra (Cultura Européia/Cultura Brasileira). O
samba-de-partido-alto, através de seu caráter elitista, demonstra como essa
diferenciação acontecia, pois nele, somente a elite tradicional do samba podia
atuar ativamente ou os membros da elite branca que tivessem prestígio e
dinheiro (afinal este era o samba da sala dos fundos, aquele que buscava
alcançar aos mais íntimos da casa). E assim, é possível distinguir cada tipo de
samba.
A
analogia da organização da casa da Tia Ciata com as representações dos grupos
sociais que se estabeleciam hierarquicamente, traz à tona, na voz de Ramos, a
discussão sobre a história do samba. Por um lado, dá-se ênfase à questão da
repressão da expressão originária da cultura negra, por outro, ao que foi
chamado de "concepção tópica", a manutenção dessa expressão cultural
mesmo sob "censura".
Entre
esses dois paradigmas, entendidos como historiográficos, inclui-se essa cultura
que subsistiu inconscientemente no folclore e nos terreiros de macumba e de
candomblé como resistência à sociedade dominante branca.
Numa outra vertente, Hermano Vianna diz que havia não apenas repressão ao samba, mas havia uma parte da elite que apoiava a manifestação popular. Dessa forma, Vianna se posiciona contra a historiografia tradicional. Ele, portanto, aponta a existência de um diálogo entre elite e cultura popular que promovia, segundo sua concepção, o samba como um estilo musical e que se modelava a uma caracterização nacionalizada, ou seja, o samba como música nacional. Assim, sua visão representa a perspectiva que o samba foi inventado por vários grupos sociais. No entanto, Vianna, algumas vezes, se contradiz a esse respeito ao atribuir "aos negros a predominância no processo"(p. 115), ou seja, embora queira firmar a tese do samba como fruto de parcerias de culturas distintas, por vezes, em suas colocações, permeiam idéias que apontam a participação expressiva da cultura negra.
Por: Zuleika Alves Fontes Estarneck, Euzilane Viegas, Marcos Linhares, Marcelle Manacés, Luís Horácio Dutra, Denise Santos, Anna Cristina Silva, Ana Carolina Lopes
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