Educação à Distância
A tecnologia
traz para a humanidade os caminhos que levam à conquista daquilo que antes não
se podia obter, aplicando-se à várias áreas de atuação do homem. E vencendo a
barreira da distância, relacionada ao campo educacional, surge a Educação à
Distância (EAD), um recurso que segundo Nunes (1993/1994)[1],
“amplia as oportunidades de acesso e flexibiliza o sistema de ensino”. Trata-se
de um fenômeno educacional que tem alcançado cada vez mais proporções de maior
abrangência e tem sido importante conhecê-la e entender o que é, sua origem,
para que serve e como funciona.
A
EAD tem sido caracterizada por vários autores como uma educação marcada “pela separação do professor e aluno no
espaço e/ou no tempo” [2];
em que o “controle do aprendizado é realizado mais intensamente pelo aluno do
que pelo instrutor distante”[3];
cuja “comunicação entre alunos e professores é mediada por documentos impressos
ou alguma forma de tecnologia”[4].
Essas características estão oficialmente aceitas por lei educacional[5]
que ratifica os pontos significativos desse tipo de ensino, explicitando
claramente os valores conceptuais desta aplicação como sendo “uma forma de
ensino que possibilita a auto-aprendizagem”; “com a mediação de recursos
didáticos sistematicamente organizados”; “apresentados em diferentes suportes
de informação”; “utilizados isoladamente ou combinados”; “e veiculados pelos
diversos meios de comunicação” (Art. 1°, caput).
A modalidade de ensino à distância
se ampara em bases tecnológicas para preencher as possíveis deficiências de um
contato que não é face a face, como expõe Lobo Neto
(1998), através de texto impresso,
programas de TV em circuito aberto, encontros
presenciais de tutoria. Nesse sentido, pode-se conceituar a EAD como fazem
Bordenave & Martins (1980)[6], que a referenciam como:
Organização de ensino-aprendizagem na qual alunos de diversas idades e antecedentes estudam, quer em grupos, quer individualmente em seus lares, locais de trabalho ou outros lugares com materiais auto-instrutivos distribuídos por meio de comunicação garantida a possibilidade de comunicação com docentes, orientadores/tutores ou “monitores”. (Cf. Tecnologia Educacional, n° 70, 1986)
A origem mais
remota de educação à distância tem o seu referencial nas cartas de Platão e nas
Epístolas de Paulo, mas somente no meado do séc. XX ela se desenvolve
consideravelmente, é claro, após o advento tecnológico das telecomunicações
(cita-se aqui os inventos de Morse e
Graham Bell), mas isso não apaga sua importância anterior iniciada no séc.
XVIII e mais amplamente desenvolvida no
séc. XIX com a educação por correspondência. Até a Segunda Guerra Mundial ficou
marcada a busca de desenvolvimento metodológico de ensino por correspondência
até que os meios de comunicação de massas ofereceram grande contribuição para
projetos educacionais (principalmente para o meio rural). Houve também grande
necessidade de articular métodos de “capacitação rápida” para os soldados que
vinham da guerra, esses métodos mais tarde serão utilizados para orientar o
trabalho de migrantes das áreas rurais para as zonas urbanas na reconstrução
das cidades da Europa (NUNES, 1993/1994)[7].
Em nível nacional, o surgimento de uma educação à distância é marcado pela
criação do Instituto Rádio Monitor em 1939 e pelas experiências do Instituto
Universal Brasileiro 1941, que vão influenciar outras instituições pela
democratização do ensino nos anos 50. Nos anos 60, no auge do IUB, nesse mesmo
intento, surge o SENAC, SENAI, SENAR, para atuarem na capacitação profissional
de trabalhadores. Assim como nos registra Nunes (1993/1994)[8]:
A partir dos anos sessenta, a educação à distância começou a distinguir-se como uma modalidade não convencional de educação, capaz de atender com grande perspectiva de eficiência e qualidade aos anseios de universalização do ensino e, também, como meio apropriado à permanente atualização dos conhecimentos gerados de forma cada vez mais intensa pela ciência e cultura humana.
Assim,
é notório que, a partir da metade do anos 60, a educação à distância toma
grande expressão, devido a institucionalizações que abrangem os níveis
secundário e superior, primeiro na Europa (França e Inglaterra) e, em seguida,
nos outros continentes.
A EAD surge, então, para servir a
quem quer que esteja interessado, jovens e adultos, em “retomar estudos, ter
acesso a cursos que complementem sua educação formal”. Para tanto, ela serve “como meio de manter cidadãos
atualizados sem perder sintonia com as mudanças contínuas e rápidas de nossas
sociedades industriais, que começam a, cada vez mais, se transformar em
sociedade da informação” (NUNES, 1993/1994)[9].
A partir do autor, a configuração dada à EAD corresponde a de um instrumento de
grande utilidade ao profissional universitário de poder manter-se atualizado,
isto é, “em dia” como uma série de
novidades científicas que elaboram o conhecimento, que prepara o indivíduo para
se posicionar num quadro de ações sociais e profissionais.
Através
de ferramentas tecnológicas como e-mail, Internet, audioconferência (pelo
telefone) e videoconferência (pelo vídeo com 1 ou 2 caminhos e pelo áudio com 2
caminhos) é que se apresenta a forma como funciona a EAD. Pelo o uso de
recursos avançados de multimídia, o
indivíduo é que determina “o como, o quando e o onde” (VOLPATO et al.). E diferente de uma atividade de
ensino centralizada na atuação do professor como controlador do discurso e da
elaboração do conhecimento, a EAD permite a quebra desse modelo tradicional,
oferecendo, como cita Wickert (1999)[10],
condições propícias de interatividade como:
comprometimento, reflexão, questionamento crítico, argumentação, resolução de problemas, busca de caminhos e respostas próprias, construção de proposições, elaboração e posicionamentos pessoais, estabelecimento de associações, comparações, análise, discussões e o incentivo ao desenvolvimento da criatividade.
Com tudo isso, a EAD não é uma proposta de substituição do ensino convencional e nem mesmo surge para competir com esta, mas é um caminho proficiente de busca de conhecimento, que viabiliza o aprendizado àqueles interessados em continuar uma atualização de informação de assuntos que lhe promovam como participante de um contexto de trabalho e de pertinência social, enfim, é um caminho eficiente para o indivíduo que busca um meio adequado a ele para desenvolvimento de seu conhecimento, meio este que a educação tradicional não consegue lhe oferecer.
Zuleika Alves Fontes Estarneck
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VOLPATO, Arceloni N. de et al. Mídia e conhecimento. Disponível na INTERNET via www.intelecto.net/ead_textos/arceloni.htm. Arquivo consultado em 16 de nov. de 2002.
LOBO NETO, Francisco José da Silveira. Educação a distância: regulamentação, condições de êxito e perspectivas. Professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense; Vice-Presidente para Pesquisa e Desenvolvimento da Associação Brasileira de Tecnologia Educacional - ABT. O presente texto corresponde a anotações para palestra na Faculdade da Cidade, realizada em 06.04.98. Disponível na INTERNET via www.intelecto.net/ead_textos/lobo1.htm. Arquivo consultado em 16 de nov. de 2002.
WICKERT, Maria Lúcia Scarpini. <SPAN class=MsoFootnoteReference><SPAN lang=PT-BR><SPAN style="mso-special-character: footnote"><![if !supportFootnotes]>
<SPAN lang=PT-BR>Palestra apresentada na Mesa Redonda O futuro da educação a distância no Brasil, promovida pelo Centro de Educação Aberta, Continuada / CEAD, da Universidade de Brasília, em 05/04/99.</SPAN> </SPAN></DIV><DIV id=edn2 style="mso-element: endnote"><SPAN lang=PT-BR>Professora e Coordenadora Pedagógica do Centro de Educação a Distância, da Pró Reitoria de Pós Graduação e Pesquisa da Universidade Católica de Brasília. Disponível na INTERNET via www.intelecto.net/ed_textos/lucia1.htm. Arquivo consultado em 16 de nov. de 2002.
NUNES, Ivônio Barros. O que é educação à distância. Artigo publicado originalmente em revista educação a distância, números 4/5, dez./abr/94. Brasília, Instituto Ncional de Educação a Distância, pp.7-25. Disponível na INTERNET via www.intelecto.net/ead_textos/ivonio1.htm. Arquivo consultado em 16 de nov. de 2002.
[1] Artigo publicado originalmente em revista, cf. referência bibliográfica.
[2] Cf. Perraton, 1988, citado em endereço eletrônico disponível na INTERNET via www.preus.com.b/EnsDist.html
[3] Cf. Jonassem, 1992, IDEM
[4] Cf. Keegan, 1986; Garrison and Shale, 1987, IBIDEM
[5] O Decreto n° 2.494, de 10 de fevereiro de 1998 (D.O.U. 11/02/98, seção 1, pág. 1) regulamenta o Art. 80 da Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e dá outras providências.
[6] Extraído do texto intitulado “Estratégias de ensino/aprendizagem”. Record: São Paulo, 1980. Citado em documento eletrônico, cf. referência bibliográfica em Volpato.
[7] Artigo publicado originalmente em revista, cf. referência bibliográfica.
[8] IDEM
[9] IBIDEM
[10] Palestra apresentada em mesa redonda, cf. referência bibliográfica.
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